domingo, 26 de setembro de 2010

Fragilidade

Agora com as trevas que teimam em morar em meu coração, sendo obrigado a aceitar um destino solitário, tento segurar qualquer emoção ou desabafo para não me mostrar frágil, um fracassado e eu sei que isso me fará uma outra pessoa; uma alma negra e vazia sem ambições para viver. Se conseguir ser lembrado, serei como o estranho, o anti-social, aquele que ninguém conseguia enxergar a verdade diante dos olhos tristes e desacreditados; aquele que ninguém sequer tentou entender. Todos os meus medos estão tornando-se reais e não consigo achar nada que possa me proteger; esse lampejo que ainda brilha em mim está com as horas contadas. Sinto que nunca fiz parte desse mundo e não sei se um dia farei. Se tenho tudo para ser feliz, por que então acho que algo ainda me falta? Por que não posso ser normal como os demais?
Um sentimento abandonado hoje se quebra e seus pedaços desintegram e somem antes de tocar o chão e aquela pessoa meramente sorridente e fantasiosa não existe mais, ela deu espaço para toda a dor agonizante que aprisiona seu espírito. Tanto que acreditei que contigo seria diferente, que seria especial, mas suas atitudes me fizeram perceber que não valho nada para ti e que meu final independente de onde eu vá, será apenas a solidão. Meu coração mesmo esquecido ainda sonha em te encontrar novamente e envolver-se com tua alma através de uma ligação que ele ainda acredita existir, e não sei como o farei, mas tenho que controlá-lo, mesmo que isso signifique acelerar o cessar de seus batimentos...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Apenas rogo...

Gostaria de poder te contar o que sinto, o que penso e quebrar as barreiras que nos distanciam, mas acho que tu não entende o que falo. Gostaria de te contar minhas histórias, todas as tristezas que passei até agora em minha vida, mas tu não consegues me escutar. Quem sabe eu entenda; meu coração com o tempo foi tomado pela amargura e já não confio em ninguém. Todas as minhas lembranças de um tempo feliz permanecem apenas no passado e talvez seja melhor assim. Não sei se me compreende, mas estou angustiado por dentro e precisava falar com alguém.
Sob o pouco de luz que me resta, escrevi palavras de ressentimento. Palavras que me amedrontaram pelas noites e me causaram medo; palavras que talvez me sepultem junto a elas. A luz que afeta essa escuridão está cada vez mais se dissipando e já não tenho esperanças de vê-la novamente. A mesma que rodeia meus pensamentos me deixa receoso, pois me faz lembrar do que tento esquecer e não consigo, ela clareia o pouco que ainda é vívido em minha mente e me acorrenta com memórias passadas. Rezo para que essa dor de culpa passe em breve e eu possa ter momentos de uma falsa paz. Em minhas orações peço para que tudo fique bem, que a vida seja graciosa, cheia de amor, mas apenas engano-me. Lágrimas escorrem em meu rosto, e minha fé se vai. A resposta para meu problema nunca veio, mas continuo a rezar com um pequeno raio de esperança de que isso acabe um dia. Enquanto expresso minha dor em palavras, sinto uma presença no escuro, ela está me chamando, pede para que eu saia dessa luz e apenas observe quem estiver nela.
Oh Deus; Deus que escuta minhas preces, gostaria de te contar o que sinto, o que penso, mas já nem sei se tu me entende. Não me desampare nesse momento perturbador que assombra minha vida, não deixe que essa luz apague e me ajude a entender minha mente que com o tempo está se perdendo, pouco a pouco, na imensidão do desconhecido. Apenas rogo-te que não me deixe cair em desgraça, que essas minhas palavras de lugubridade não me enterrem um dia.

domingo, 19 de setembro de 2010

Lembranças

É tão fácil destruir o que foi construído com todo amor e sacrifício. Talvez não exista nada que dure para sempre, mas o tempo vívido e intacto torna-se cada vez menor. Pessoas que já não se falam, vidas separadas pelo destino, incontáveis mortes por motivos banais, lutas por um mundo melhor e um futuro digno... tudo tende a evanescer. Lembro das vezes em que escolhi pessoas erradas para estarem ao meu lado e com brigas e desentendimentos acabei sozinho. Lembro em tudo que acreditei e que hoje tornou-se pó. Lembro do esmaecimento do amor no dia em que ele foi esquecido por seu amado; e tudo fez com que me esquecesse do sentido da verdadeira felicidade. Toda a confiança do meu ser declinou.
Perdoe-me por prometer que poderia te fazer feliz, não sou digno do seu amor. Perdoe-me ter um dia te desejado a morte; o coração só sente falta quando se perde no vazio. Não chore, pois não consigo aparar suas lágrimas; eu sou apenas um ser reprimido e obscuro que foi destinado a vagar pelo mundo e que se alimenta de sua tristeza e decepção. É tão fácil destruir o que foi construído... Choro quando lembro que um dia meu castelo fora derrubado, e meu corpo, recipiente de todos os meus sentimentos, morreu neste dia; ele foi derrubado e esquecido junto aos escombros do que uma vez foi batizada com o nome de "minha vida".

sábado, 4 de setembro de 2010

Livre?

Parte de mim hoje morre e outra parte se liberta. Fui injusto em te deixar na mão e hoje percebo o quanto fui rude, mas não fiz por querer, me desculpa, metade de minha vida estava presa em meus sonhos e pesadelos, mas mesmo em maus tempos eu era feliz, eu era alguém ou apenas achava que era. Aqui eu era ingênuo, ignóbil, era apenas uma entre tantas outras pessoas, mas quando eu dormia, apenas deixava o vento me levar a ponto de não ter destino certo. Meu espírito estava em paz.
Agora tenho medo. Medo do que posso encontrar, não sei mais como é essa realidade e terei de encará-la daqui por diante. Entreguei tudo que conquistei ao meu melhor amigo, que ainda continua sonhando; ah, como gostaria de ainda estar lá! Esperarei a chuva cessar e seguirei minha vida de agora em diante, vagando sozinho por um novo caminho até hoje desconhecido por mim. Não sei o que encontrarei, mas tentarei superar, ou quem sabe, tentar me agarrar em um outro sonho qualquer. Antes eu te observava sonhar, agora, longe disso, estou só, sem ninguém a me apoiar. Quer dizer então que finalmente estarei liberto das correntes sufocantes? Liberto da dor que oprimia minha alma? Estarei finalmente livre?